segunda-feira, 8 de junho de 2009

DOMINGO DE ESPIRITUALIDADE COM A JUVENTUDE DE TAPIRAMUTÁ


RETIRO ESPIRITUAL CRISMANDOS

DOMINGO 7 JUNHO 2009

Pe Paolo Cugini

(esquema do retiro)

Introdução

Muitas vezes ouvimos falar de oração, mas talvez nuca aprofundamos o sentido desta pratica religiosa. Assistimos a celebrações, participamos de liturgias e talvez seja isso para nós a oração. Na maioria dos casos identificamos a oração com a recita de formulas aprendidas como o Pai Nosso e a Ave Maria. No retiro de hoje gostaria aprofundar o sentido da oração na vida do cristão, sobretudo na vida de uma jovem. Pra fazer isso utilizaremos a Bíblia, pois nela encontramos muitas orações especialmente no livro dos salmos. A primeira pergunta que tentaremos, com a ajuda de Deus, responder é esta: porque rezar? Depois de ter respondido tentaremos de focalizar a nossa atenção sobre as formas de oração, as maneiras do homem e a mulher bíblica rezar. No final fitaremos a nossa atenção em Jesus, autentico modelo de oração para que a nossa oração se torne como a sua.

Porque rezar?

A minha alma não encontra paz até quando não descansa em Deus” (Agostinho).

Esta frase famosa de Santo Agostinho desvende o sentido autentico da nossa existência, aliás, da condição humana. O homem, a mulher é feito por Deus e para Deus. Fomos criados a imagem e semelhança de Deus (Gen 1): isso está escrito no nosso DNA espiritual, está imprimido na nossa alma. Ninguém é tão bruto para nunca ter sentido na vida a exigência de abrir o próprio coração para Deus. Esta experiência intima, de uma certa maneira natural, para ser desenvolvida, precisa de indicações, de ensinamentos, de um guia que nos conduza nos mistérios de Deus. A oração longe de ser um esforço psicológico, é um anseio da alma que busca o seu Criador, que procurara se integrar com aquilo de mais profundo existe em si. Uma pessoa reza porque sente a necessidade de fazer isso. Neste sentido, nesta primeira fase a oração é algo de espontâneo, por assim dizer é algo de natural. Para que este momento possa marcar a vida espiritual de uma pessoa e permanecer, precisa de um acompanhamento, de alguém que insira dentro o caminho da vida de oração.

É o que a oração?

Se olharmos a Jesus, a imagem perfeita de Deus (Cf. Col 1,15), a oração é um dialogo prolongado com o Pai. Para que este dialogo “funcione” necessita de duas coisas: tempo e silêncio. Jesus era acostumado a rezar madrugando (cf. Mc 1,35), ou passando a noite toda na oração (cf. Lc 6,12). Além disso, sempre tendo como referência os dois versículos citados, Jesus quando rezava procurava um lugar deserto, afastado da multidão, subindo o monte, entrando numa horta, etc. O silêncio é então, condição necessária para que o dialogo com Deus possa ser proveitoso. O silêncio é necessário porque o dialogo com Deus não acontece fora de nós, mas sim dentro de nós. Quem quiser ser discípulo do Senhor deve também aprender a rezar como Jesus rezava, organizando o seu dia para deixar espaço ao dialogo intimo com o Pai. Neste tempo silencioso que Jesus dedicava a oração, falava o que com o Pai? A resposta podemos encontrá-la em vários trechos do evangelho, mas acho que o texto de João 17 é o mais claro. Neste capitulo é relatada a oração que Jesus pronunciou na horta das oliveira, logo após da Ceia derradeira. O conteúdo do dialogo de Jesus com o Pai é essencialmente a preocupação para com os seus discípulos, ou seja a continuação do projeto que o Pai o mandou realizar. De uma certa forma podemos dizer que o conteúdo da oração deve ser a nossa vivencia, aquilo que nos vivemos, as nossas preocupações. Na oração aprendemos a sair do egoísmo, que nos fecha em nós mesmos, para aprendermos á abrir o nosso coração para o Pai e, assim, ficarmos disponíveis ao seu projeto. Uma oração assim, seguindo o exemplo de Jesus, nos torna mais humanos, mais atentos aos problemas reais da vida, mais capazes de enfrentar as ilusões do mundo.

Um comentário:

  1. Fantástico!
    Essa abordagem é raríssima. Pelo tempo que estive em Salvador poucas são as paróquias que oferecem essa proposta de oração tendo como pré-requisitos o tempo e o silêncio, como desencadeadores do sucesso de uma intimidade com Deus.A oração é mais falar que ouvir: deveria ser exatamente o contrário. Se é um diálogo devo deixar espaço para Deus falar também.
    Na grande maioria o agito e a euforia sobressaem. Por isso muitos jovens se resumem a sua vida de oração na música. Ela é importante e um ótimo instrumento de evangelização mas acredito que não deve ser para nós um refúgio do vazio que o mundo oferece: é Deus o nosso refúgio e a nossa fortaleza.Não deve ser doloroso para nós o silêncio mas prazeroso, porque é aí que encontramos a presença de Deus em nós.
    O século XXI imediatista, instantâneo, velox, cibernético não dá chance a paciência, é sempre o agora, como aquelas promessas de "PARE DE SOFRER", é o imediatismo. Acaso Deus é um supermercado que vou lá e escolho aquilo que desejo naquele momento? "O que é o homem, Senhor, para dele assim Vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho...?"
    Pelo contrário, é tempo de amadurecermos a nossa fé através da oração, que é espera atenta e paciente da Vontade de Deus, o que não quer dizer que vamos ser cristãos inertes.
    Que pena que outros padres também não oferecem essa proposta autêntica de modelo de oração.

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